Eu corri durante muitos anos apenas no asfalto, mas quando passei para os treinos e provas de trilhas e montanha, cada passo dado era uma sensação AINDA MELHOR de liberdade, desafio, superação, presença e conexão com a mãe das mães: a natureza. Atravessar a linha de chegada ou concluir um treino imersa nesse ambiente era o símbolo de uma conquista pessoal mesmo. MINHA PRIMEIRA ULTRAMARATONA VALHOLL BY UTMB!
No entanto, jamais poderia imaginar que minha jornada me levaria a uma experiência única e desafiadora como a Ultramaratona Valholl, na Argentina, parte da famosa série de provas UTMB (Ultra-Trail du Mont-Blanc). Vou compartilhar essa história pra eu mesma não esquecer como foi, sobre como superei meus limites e me aventurei nos meus primeiros 50km nas montanhas de Villa General Belgrano, desta prova épica, repleta de felicidade.
PREPARAÇÃO E DESAFIOS | MINHA PRIMEIRA ULTRAMARATONA VALHOLL BY UTMB
A decisão de participar da Ultramaratona Valholl não foi tomada de ânimo leve. Foram 4 meses de dedicação nos treinos, aprimorando minha resistência e preparação física para enfrentar os 50km de trilhas e montanhas. Guiada nos treinos pela assessoria e acompanhada por um grupo de amigos corredores apaixonados como eu, tínhamos um objetivo em comum: concluir esta prova desafiadora.
A preparação para a corrida foi repleta de altos e baixos. Esse período não foi o melhor escolhido, pois na mesma época tinha desafios grandes no trabalho, uma carga horária dobrada, poucas horas mesmo de sono, responsabilidade triplicada para os pratinhos não caírem. Foi bem pesado MESMO emocionalmente. Mas o que eu NÃO tive foram lesões e momentos de duvidar se eu conseguiria ou não! Mente forte já é um grande passo e eu sabia disso.
Eu estava prestes a vivenciar pela primeira vez algo grandioso, que mudaria minha perspectiva sobre mim mesma e minha capacidade de enfrentar desafios.
Mas não posso deixar de registrar aqui o apoio do meu marido (que também ia correr uma outra distância) e aos amigos da corrida que, juntamente com a paixão pelo esporte, me motivaram muito para superar cada obstáculo. Importante dizer que eu treino com pessoas extremamente experientes, que têm milhares de quilômetros e altimetria acumulados, com muitas dicas e sugestões. E eu tô ali no meio deles, com menos de 2 anos de ‘experiência’ na montanha, mas aprendendo com os melhores e mais generosos! Nunca deixo de mentalizar coisas boas e agradecer em minhas orações a esse grupo.
O DIA DA PROVA
O dia da ultramaratona finalmente chegou. Eu estava pronta! Meu coração batia acelerado de ansiedade e emoção, enquanto a adrenalina corria em minhas veias. O cenário era magnífico, uma energia que eu arrepio só de imaginar! Seria tudo novo, um lugar que nunca corri, pessoas de diversos países ali e eu estava animada com todas as belezas imponentes das montanhas argentinas que meus olhos veriam por 50km. O dia estava bom, com a promessa de ser inesquecível para cada um ali.
O som da buzina de largada ecoou no ar, e os pés de centenas de corredores aventureiros tocaram o solo com independência. A corrida tinha começado, e eu estava prestes a enfrentar meus próprios medos, reflexões e limitações.
OS DESAFIOS DA JORNADA
Os primeiros quilômetros foram de euforia. No entanto, a realidade da prova logo se mostrou. A altimetria da primeira trilha começou com uma longa subida e descidas com pedras escorregadias, (muitas pedras), o que me manteve muito focada e com atenção a cada passo dado. A natureza ao redor era inspiradora, mas também impunha respeito e humildade, como sempre.
Conversei com vários corredores no percurso, falamos de uma prova em comum que eles fariam aqui no Brasil… esse intercâmbio cultural é bem legal! Corri ao lado de dois franceses por um tempo e, mesmo nenhum dos três entendendo nada do idioma do outro, a linguagem da corrida é universal.
Lá pelo quilômetro 35 comecei a sentir uma baixa no corpo, eu estava hidratada e suplementada, tudo ok, as pernas começaram a ficar um pouco cansadas, mas eu segui…neste quilômetro eu me toquei que era tudo novo! O máximo que eu havia corrido na montanha. A ultramaratona, eu já sabia, era mais do que uma prova física. Era um teste mental, uma jornada interior em busca de força e controle.
O PODER DA SUPERAÇÃO
No decorrer da corrida, conheci pessoas incríveis que se tornaram parceiras nesta jornada épica. O apoio mútuo entre os corredores foi inspirador, eu amo essa cumplicidade! Palavras de incentivo, sorrisos, tapinha nas costas de incentivo nos momentos de dificuldade, tudo leve e motivador do tipo: ‘Vamos, estamos juntos nessa’.
Os quilômetros foram se passando, e a linha de chegada estava cada vez mais próxima. Encontrei forças que nem sabia que possuía. Meu espírito parecia cada vez mais resiliente, e a vontade de completar a prova superava qualquer dor física.
O MOMENTO DA CHEGADA
Finalmente, depois de 9h40 minutos, avistei a linha de chegada. Corri os últimos 600 metros com mais força que pude, segurei o choro. A mistura de emoções foi avassaladora. Lágrimas de felicidade e superação desceram pelo meu rosto. Cruzei a linha de chegada com os incentivos de quem estava assistindo, do Marcão -amigo que correu nada menos que 125k – e estava ali incentivando e o Beto lá na chegada, me esperando. Um sentimento de gratidão e orgulho que EU JAMAIS havia experimentado. É tão bom viver, tão bom fazer coisas novas!
Participar da minha primeira ultramaratona, a UTMB Valholl, na Argentina, foi uma experiência transformadora. Cada passo dos 50km percorridos representou uma jornada interior, um encontro com meu foco e determinação. Superei meus limites, aprendi a lidar com os desafios e descobri que a força interior é capaz de nos levar além do que imaginamos.
A Ultramaratona Valholl by UTMB me mostrou que o poder da superação está dentro de cada um de nós. Quando temos um objetivo, uma paixão que nos move, somos capazes de enfrentar qualquer obstáculo.
E, acima de tudo, aprendi que compartilhar experiências com pessoas que entendem nossa jornada faz tudo ainda mais especial.Então, se você também tem um sonho, uma paixão, uma meta desafiadora, eu digo: vá em frente, se permita viver essa experiência única, independente do resultado final. A verdadeira recompensa está na jornada, nos momentos vividos, nas superações pessoais e nas lembranças que carregaremos para sempre.
A organização da Ultramaratona Valholl by UTMB foi muito boa e estruturada e aqui meu agradecimento final a todos que fazem parte desse universo de corredores e corredores que se apoiam e se inspiram mutuamente. Essa foi apenas a primeira de muitas ultramaratonas, pois, a partir de agora, estou pronta para novos desafios, determinada a continuar crescendo, evoluindo e colecionando histórias de superação.
O céu é o limite, pô!
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